quinta-feira, 12 de maio de 2011

O valor relativo de todas as coisas

Bom dia, queridos leitores.

Sei que a maioria de vocês abre esse blog esperando novidades sobre o mundo dos negócios internacionais, logística, legislação aduaneira, enfim, informações que nos situem nesse complexo universo das relações comerciais internacionais.

Pois hoje, resolvi falar de um universo ainda mais complexo, olhando todas essas coisas da ótica do indivíduo. Verdade seja dita, não fosse pelo olhar pessoal, sobre as coisas que comento, esse seria apenas mais um blog a divulgar os movimentos políticos, sociais e econômicos. E existem sites e blogs que divulgam esses dados de maneira mais eficiente.

Desconfio que vocês, meus queridos amigos e leitores, também esperam por isso, por esse meu olhar pessoal sobre os acontecimentos. E esses posts que insiro, no meio desse mar de informações técnicas, contrabalançando e contrapondo situações.

Pois bem: hoje quero relativizar tudo. Inclusive as taxas de câmbio, a balança comercial,os transit-times das cargas marítimas, as alíquotas de impostos que vamos pagar sobre nossas importações, os novos e intrincados sistemas da Receita Federal e até a atribulada rotina de nosso dia-a-dia.

Porque, se pensarmos bem, há dois fatos que posso dar como certo: o primeiro deles, é que em 100 anos da data de hoje, nada disso terá importância, pois nenhum de nós estará mais por aqui. E o outro fato inevitável: de tudo o que construímos de material, quando partirmos, ficará aqui mesmo, servindo a outros. Ainda que os outros sejam pessoas que amamos muito.

Apenas nosso comportamento diante dos fatos, a importância que atribuímos a cada um desses eventos em nossas vidas, é que terá tido alguma relevância. .

Então, o que efetivamente tem sentido? Acho que não tenho essa resposta, e não acredito que alguém tenha. Meu papel, entretanto, é ter esse questionamento presente em cada momento de alegria, ou de tensão, em cada situação limítrofe, fugindo das verdades absolutas ou das respostas formatadas, por mais que eu teime em buscar por elas no conforto do raciocínio pouco e do envolvimento menor ainda.

Os minutos que gasto escrevendo nesse blog tem muita importância. Porque me dão prazer e porque sei que muitos de vocês, em busca de suas próprias respostas e de formular seus próprios questionamentos, passarão por aqui e gastarão seu próprios minutos de vida, unindo-se a mim por alguns instantes, mesmo que virtualmente.

O tempo que dedico aos meus familiares e às pessoas que amo, tem muita importância, porque ocorre entre nós um tipo diferente de vibração, de energia, que dá sentido à todas as outras coisas.

O meu trabalho (e aí voltamos para as taxas de cambio, os deadlines, os transit-times, os impostos) tem muita importância para mim, porque é o exercício das minhas capacidades, a busca de superação nas minhas limitações, tornados realidade através de algo concreto, mesmo que por um curto espaço de tempo de 30 ou 35 anos laborais.

Mas, sinceramente? Meu trabalho não é importante por si só. São as relações que construo através dele, são as habilidades que ele me permite desenvolver, são os pequenos prazeres e tensões que ele me causa, e como me comporto diante disso, que tem verdadeira importância para mim. É o que construo que permite que outros se desenvolvam também, que fica.

Se para qualquer profissional já é difícil administrar o tempo, para quem se involve no mercado internacional, é uma odisséia. Trabalhamos o dia todo, e quando chega nosso momento de lazer ou descanso, já é novo dia do outro lado do mundo. E com a tecnologia, as modernidades, o outro lado do mundo agora paira aqui mesmo, na tela do celular, com um chinês me desejando "good morning", quando eu estou me preparando para dormir!

Dizem os profissionais de RH que existe uma nova geração de executivos, que não estão dispostos a fazer "qualquer coisa" pela carreira. Ainda bem! Imaginem se não impusermos alguns limites (mínimos que sejam) às exigências de nossas atividades e compromissos...

Portanto, hoje quero colocar o ser humano em perspectiva, aquele que move essa máquina toda. Por isso, é bom lembrar algumas coisinhas:

1) Celular tem botão off... juro que tem!E tem pessoas que nem lembram da função "silent";
2) Família e relacionamentos PESSOAIS são o que dá sentido à essa correria toda. Portanto, não relegue filhos, pais, namorados, maridos, esposas à última posição de importância à sua longa lista de atividades do dia-a-dia;
3) Viver em condições dignas é fundamental. Isso inclui andar de pés descalços, correndo pela grama com seu filho pequeno, ou com seu velho pai. Mas não se preocupe se a decoração da sua casa está um pouco antiga. Se der pra trocar, ótimo. Se não der, não se mate de trabalhar só por causa disso, sacrificando horas valiosas de interação com seus familiares.
4) O dia tem muitas horas. Reserve algumas para você mesmo. Outras para aperfeiçoamento profissional, outras para namorar e outras, ainda, para dormir. Estudos indicam que pessoas que dormem pouco ou mal são mais otimistas e sujeitas a mais erros de julgamento em tomada de decisões;
5) Seu corpo é responsabilidade sua e sua principal ferramenta de trabalho. Cuide dele. Alimentação e exercícios são grandes aliados;
6) Rir é bom. Inclusive de si mesmo;
7) Reciclagem significa dar novo ciclo de vida a algo que está prestes a não servir mais. Recicle conhecimentos, mas não se esqueça de reciclar comportamentos também.

Se você já sabia de tudo isso, o que é muito provável, não custa relembrar.

E, para terminar, uma frase mundialmente conhecida, proferida por Protágoras, um pensador de opiniões democráticas, que viveu quase 500 anos a.C.:" O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não".

Até o próximo post!

Nenhum comentário: