SÃO PAULO - Em um ambiente de sobreoferta da produção mundial, guerra cambial e excesso de liquidez na economia global, o protecionismo é “o nome do jogo no curto prazo”, na opinião do economista Antônio Corrêa de Lacerda, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
“Não podemos ficar passivos a esse processo. O protecionismo não é uma solução de longo prazo, mas uma necessidade imposta pelas circunstâncias”, disse durante palestra sobre a crise externa e as perspectivas para a economia brasileira em 2012.
Questão cambial
Na opinião do professor, o país não está aproveitando o crescimento pujante do consumo e do crédito para gerar maior valor agregado localmente, problema relacionado à falta de competitividade da indústria de transformação brasileira, que passa pelo câmbio.
“Temos uma desvantagem cambial significativa. O câmbio não é tudo, mas é 90%”, afirmou Lacerda, destacando o comportamento de países como a China, que desvalorizam suas moedas artificialmente para tornar suas exportações mais competitivas.
Segundo o economista, as empresas pararam de reclamar da taxa de câmbio valorizada simplesmente porque passaram a produzir no exterior, ou substituíram parte do processo de produção por importados.
“Isso é uma solução para as empresas do ponto de vista microeconômico, mas é péssimo para o país. O Brasil não pode se dar ao luxo de viver esse processo”, disse.
Em 2011, ano em que a produção ficou praticamente estagnada ao crescer apenas 0,3% sobre 2010, Lacerda avalia que os problemas estruturais do setor, tais como a alta carga tributária, a infraestrutura precária do país e os juros elevados, foram exacerbados pela crise internacional, que acabou por “desovar” no mercado doméstico o excesso de produtos de outras economias em desaceleração.
De acordo com ele, a produção da indústria nacional está, hoje, em patamar pouco acima da de setembro de 2008, mês que precedeu o “mergulho” da economia mundial.
Na opinião do professor, o país passa por um processo de desindustrialização, que, ao contrário do que ocorre em países desenvolvidos, não é saudável.
“O problema da desindustrialização é muito grave no estágio de desenvolvimento em que estamos. Há uma ‘reprimarização’ das nossas exportações. Não estou dizendo que o país tem que deixar de produzir commodities, mas isso não pode ocorrer em detrimento da indústria porque é insustentável”, completou.
(Arícia Martins | Valor Economico)
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